quarta-feira, 11 de julho de 2012

FLUMINENSE FM MALDITA CELEBRA 30 ANOS DE ROCK

Fluminense FM celebra 30 anos com megaexposição no Rio

Fotos, vídeos e áudios da saudosa Maldita tomam os Correios a partir desta quarta-feira

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Herbert Vianna, Bi Ribeiro e Barone em visita à Fluminense FM em 1991 Foto: Divulgação
Herbert Vianna, Bi Ribeiro e Barone em visita à Fluminense FM em 1991DIVULGAÇÃO
RIO - Acreditem se puderem, jovens, mas houve um tempo em que a internet não existia e que, para conhecer uma banda, era preciso ficar atento às rádios brasileiras. Os mais afoitos deixavam uma fita cassete preparada para apertar o botão REC quando tocasse sua música preferida do momento, já que nem sempre era fácil encontrar o vinil de grupos recém-lançados. A finada Fluminense FM, ou Maldita para os íntimos da geração do BRock oitentista, celebrou 30 anos de nascimento em março de 2012 e vai ganhar uma megaexposição com fotos, exibição de vídeos e áudios, além de painéis de debates sobre o contexto político e cultural da época, e a réplica de um estúdio de gravação. O evento batizado como “Maldita 3.0” é gratuito e acontece no Centro Cultural Correios, entre 11 de julho e 12 de agosto.
— Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude, Kid Abelha e Biquini Cavadão aproveitaram a chance e devem muito a ela — lembra Bruno Gouveia, cantor do Biquini, que teve seu primeiro single, “Tédio”, lançado na rádio em 1984. — Fomos paridos no programa do (DJ e fotógrafo) Maurício Valladares. A Fluminense FM foi nossa mãe e fez o que ninguém hoje tem coragem: tocava música de muita gente nova e não queria saber se era de gravadora ou independente. Sem ela, teríamos sido apenas mais uma banda de colégio sem grandes aspirações e repercussões.
‘Sons que você nunca ouviu’
O que aconteceu com algumas das bandas mais importantes do rock nacional até hoje era exatamente o objetivo da Flu, que ocupava no dial o lugar do número 94,9 e uma sala no centro de Niterói. “A nova rádio Fluminense é mais uma em 16 FMs do Rio, mas certamente será uma rádio absolutamente especial. A partir de agora, você terá contato com sons que marcaram época e com sons que você nunca ouviu”, dizia Amaury Santos, um dos fundadores da rádio, na vinheta de estreia, em 1º de março de 1982.
— A rádio começou no fim da ditadura e trouxe uma liberdade de imprensa e cultural que não existia. Os músicos tinham vontade de fazer algo diferente, e o público queria ouvir coisas novas. Também era importante ter música executada na rádio, porque o Circo Voador prestava atenção e chamava aqueles grupos para se apresentar lá -- diz Rodrigo Santos, baixista do Barão Vermelho, que acompanhava Lobão na época.
O projeto funcionou ininterruptamente por 12 anos, com um time feminino de locutores, uma inovação para a época. Em 1994, o pop americano voltou a reinar e, pouco mais tarde, começou o boom de boy bands. O aparecimento de Britney Spears e de outras louras provocantes, em meados dos anos 1990, levantou uma onda de poeira no rock e culminou no fechamento da Fluminense FM. A rádio ainda tentou um último suspiro em 2001 na faixa AM, migrou em 2002 para a FM, mas não resistiu à luta contra a internet, o jabá e o rock adolescente e decretou seu fim definitivo.
— A internet não substituiu a rádio e ainda prejudicou a divulgação na mesma proporção que ajudou. A função das rádios nos anos 1980 era filtrar e levar até os ouvintes as novidades. Sinto falta de uma rádio exclusiva de rock, porque o gênero faz parte da história da música brasileira. Hoje você só escuta o que é muito popular, e as rádios estão padronizadas. Lamentavelmente, estão criando uma geração que não conhece o rock’n’roll. Tenho medo de que bandas como Legião Urbana e Mutantes sejam esquecidas — completa Rodrigo.
Bruno Gouveia ainda credita o sumiço do rock no dial carioca à mudança da postura das bandas.
— O rock no mundo enveredou para um romantismo e perdeu sua rebeldia. O que o diferencia hoje de um pagode ou uma música sertaneja é apenas a levada. E falta a crítica social num país de escândalos — analisa.
O curador do projeto, Alessandro Silva, de 34 anos, decidiu realizar o projeto depois de trabalhar na rádio em sua última fase. Ele reuniu o acervo com ajuda de fãs das bandas, fundadores da emissora, músicos e de Maria Estrella, autora do livro “Rádio Fluminense FM - A porta de entrada do rock brasileiro dos anos 80”, que ganhou segunda edição neste ano.
— A intenção dessa exposição não é só celebrar os 30 anos da rádio, mas lembrar que houve uma revolução cultural naquela época. Os jovens não tinham a tecnologia como aliada e mudaram o cenário artísticos de uma geração. Hoje, que existe tanta facilidade, o que eles estão fazendo? — indaga Alessandro, aproveitando para divulgar seu novo projeto com o legado da rádio. — Vamos produzir na internet (www.maldita30.com) o que a Flu seria se estivesse no ar atualmente. Queremos plantar a sementinha para estimular que outras pessoas criem suas próprias Malditas.


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