quinta-feira, 5 de julho de 2012

TRAFICO ENTRE ITABORAI E SÃO PAULO


Conexão entre Itaboraí e São Paulo no tráfico de drogas

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Tamanho da fonte: A- A+Por: Ruy Machado 05/07/2012

Investigação da 71ª DP aponta indícios de ligação de bandidos do Comando Vermelho com os do PCC. Criminosos também estão envolvidos com assaltos em Niterói e SG

Quase um ano após assumir o comando da 71ª DP (Itaboraí), o delegado Wellington Vieira Pereira, de 48 anos, deixou na tarde da última quarta-feira, o cargo de titular da unidade e foi transferido para a Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG). À frente da distrital de Itaboraí, Vieira comandou diversas ações contra agiotas e integrantes do tráfico de drogas localizado nas favelas da cidade. Uma das investigações, ainda em andamento, apontou indícios de uma suposta ligação com criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC) de São Paulo, no fornecimento de drogas para abastecer uma das principais comunidades de Itaboraí, o Complexo da Reta. Estes criminosos também são acusados de promoverem assaltos em Niterói e São Gonçalo, como roubos a carros.
De acordo com o ex-titular da 71ª DP, além do suposto envolvimento com traficantes de outro estado, 41 pessoas foram denunciadas pela Promotoria de Investigação Penal de Itaboraí, também pelo crime de tráfico de drogas. Hoje 33 pessoas já se encontram presas e as demais já teriam deixado a cidade. A ação fez parte da operação Pente-Fino, desencadeada pela delegacia de Itaboraí para reprimir o tráfico de entorpecentes na cidade. A ação é resultado de três meses de investigação desenvolvida por policiais da 71ª DP que teve o apoio de policiais do Serviço Reservado (P-2) do 35º BPM (Itaboraí). Foram analisadas diversas escutas telefônicas que comprovariam o envolvimento da quadrilha com traficantes que atuam na Vila Kennedy, em Bangu, Zona Oeste do Rio. 
Em Itaboraí, os criminosos atuariam no Morro do Catiço, Nova Cidade, Reta Velha e Reta Nova. Foram interceptadas pelos investigadores ligações que mostram traficantes obrigando crianças a transportarem arma para os criminosos fugirem e até como os traficantes monitoram as ações policiais. 
Drogas – O material entorpecente chega à cidade através de adolescentes e mulheres. Segundo investigações, normalmente chega em mochilas e em pequenas quantidades (trabalho formiguinha), elas seriam oriundas do Jacarezinho, no Rio. Outra situação que segue em andamento é a possível conexão Rio-São Paulo, esta seria feita por uma pessoa, já identificada e pertencente ao Complexo da Reta, através de transporte rodoviário. 
“Nós temos indícios desse suposto envolvimento (de bandidos de Itaboraí) com criminosos do PCC de São Paulo, onde uma mulher seria responsável pelo transporte da droga que abasteceria Itaboraí. Sobre a participação de traficantes oriundos do Rio, muita gente já está identificada e monitorada, o Comando Vermelho possui diversos braços e fornece armas, drogas e dinheiro para os criminosos de Itaboraí. Na verdade o que eles querem é que o negócio funcione bem, quando a polícia aperta eles correm para outro lugar”, disse Vieira.

Escuta telefônica na mão da polícia
O FLUMINENSE teve acesso a escutas telefônicas. Em uma delas dois suspeitos de tráfico falam sobre a operação feita pela polícia. Um deles avisa ao gerente geral da comunidade, o “Anão”, que a polícia apreendeu muita droga durante uma operação. O traficante chegou a pedir para a sobrinha, uma criança, levar uma arma até ele.

Apreensão de drogas
Traficante 1 Oh, levaram tudo! Levaram arma, levaram droga
Traficante 2 Mas o que levaram?
Traficante 1 Não sei, foi tudo para delegacia

Criança levando arma
Traficante 1 O carro da polícia foi lá pra baixo
Traficante 2 Vou ter que sair daqui
Traficante 1 Eles estão lá dentro, ou no portão
Traficante 1 Vou tentar subir com ela (criança), eu fico aqui vigiando e ela vai
Traficante 2 Ela vai com uma roupa de neném por cima (escondendo a arma)
Traficante 1 Não vai dar certo, não vai dar certo.

Ameaça no passado
As ações da polícia para reprimir o tráfico de drogas acabaram resultando na ameaça sofrida através de uma carta ao delegado Wellington Vieira. Esta represália teria sido disseminada pelo grupo chefiado por um homem conhecido por Ricardo Paiol. “Nesta carta pude constatar o ódio que estes marginais possuem da polícia. Isso é sinal de que o trabalho está correto e sendo bem executado”, contou o delegado.
Agiotas – Policiais da 71ª DP (Itaboraí) realizaram em novembro a operação Águia de Itambi, onde desarticularam uma quadrilha acusada de praticar agiotagem naquele município. Na casa do homem apontado como chefe da quadrilha, no bairro de Itambi, os agentes apreenderam grande quantidade de documentos, ouro, cheque de terceiros, além de uma Picape Hilux. Entre o material arrecadado, os policiais descobriram oito cartões do bolsa-família em nome de terceiros. 
Expectativa – A mudança de delegacia não se dá por acaso, o nome de Wellington Vieira vem dos trabalhos desenvolvidos em Itaboraí e pela sua experiência na divisão de homicídios da Barra da Tijuca. Além disso há projetos para transformar a distrital em delegacia modelo, com novas aparelhagens e mão de obra. 
“Acredito que a chefe de polícia, Martha Rocha, queira dar uma nova cara à Delegacia de Homicídios. Ainda este ano devemos ter a contratação de 600 agentes e parte deve ser alocada nas delegacias até meados de 2013 e também deveremos passar por um processo de compras de aparelhagem, o que facilitaria o trabalho dos policiais”, falou. 

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