terça-feira, 10 de abril de 2012

ATERRO DO JARDIM GRAMACHO SERÁ FECHADO DIA 23/04,E OS CATADORES?

Paes anuncia que aterro de Gramacho será fechado no dia 23

Todo o lixo recolhido na cidade será encaminhado para Seropédica

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Desativação do aterro sanitário de Gramacho (Foto: Gabriel de Paiva Agência O Globo)
Desativação do aterro sanitário de Gramacho (Foto: Gabriel de Paiva Agência O Globo)
RIO - Às vésperas da Rio+20, a conferência de meio ambiente da ONU, o Rio se livrará de um passivo ambiental que o atormenta há 36 anos. O aterro de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, será fechado no próximo dia 23. O anúncio foi feito nesta terça-feira pelo prefeito Eduardo Paes, que reconheceu que a cidade ainda tem “muito a caminhar” para atingir índices aceitáveis de reciclagem. Paes acrescentou que o Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica vai passar a receber cerca de 7.500 toneladas geradas por dia na cidade — entre lixo domiciliar e varrição de ruas. Outras duas mil toneladas/dia vão continuar indo para o aterro de Gericinó, na Zona Oeste. Nesses aterros sanitários, o lixo é compactado e enterrado, e o chorume — substância líquida resultante do processo de degradação da matéria orgânica — tratado. Não há presença de catadores.
— Estamos encerrando a operação de Gramacho, que ainda recebe duas mil toneladas por dia. O crime ambiental que o Rio cometia há quase 40 anos vai acabar. Vamos superar um problema básico. A partir de agora, vamos poder pensar em aumentar a coleta seletiva — disse Paes.
O prefeito afirmou ainda que o governo municipal vai gastar, anualmente, R$ 100 milhões a mais para dar destinação adequada aos resíduos. A Comlurb paga R$ 38 a tonelada no aterro de Seropédica. Em lixões, o custo é de cerca de R$ 5 a tonelada.
Fim dos catadores no maior aterro da América Latina
O encerramento das atividades de Gramacho implicará o fim do trabalho de 1.800 catadores de materiais recicláveis, que atuavam em condições sub-humanas. Eles têm a promessa de receber um auxílio de R$ 650 por mês, durante 15 anos. O valor será pago pela empresa Novo Gramacho Energia Ambiental, que explora o gás metano captado no aterro. O metano será purificado e vendido como fonte de energia à Refinaria Duque de Caxias (Reduc).
A separação manual do lixo em Gramacho movimentou, até o ano passado, R$ 24 milhões anuais, segundo estimativas da Comlurb. E rendeu histórias que ganharam as telas do cinema. Em 2005, “Estamira”, do fotógrafo Marcos Prado, conquistou de mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, contando a vida de uma catadora de lixo que passou duas décadas vivendo do que conseguia recolher.
Recentemente, “Lixo extraordinário”, de Vik Muniz, mostrou a trajetória dos detritos recolhidos em Gramacho e transformados em arte pelo artista plástico. Protagonista do filme, o catador Tião Santos virou celebridade e ganhou o prêmio Faz Diferença na categoria Revista O GLOBO.
A catadora Roberta Alves de Oliveira, a Docinho, diz que, com o fechamento de Gramacho, vai atuar na formalização de uma cooperativa de reciclagem. Já Júlio Cesar Santos, depois de 12 anos em Gramacho, afirma que ainda não sabe o que fazer:
— Aqui a gente consegue nosso sustento, chega a encontrar DVD e aliança de ouro. Ainda não sei para onde vou. Vou pegar o benefício e aplicar em alguma coisa — diz Santos, pai de cinco filhos e ex-ajudante de pedreiro.
Em operação desde 1976, o aterro de Gramacho está instalado num terreno argiloso cercado de vegetação de mangue, numa área de 1,3 milhão de metros quadrados às margens da Baía de Guanabara. Próximo ao terreno, deságuam os rios Iguaçu e Sarapuí, que cortam seis municípios: Nova Iguaçu, Mesquita, Nilópolis, Belford Roxo, São João de Meriti e Caxias. Hoje, o depósito possui 60 milhões de toneladas de lixo acumuladas.
Nestes 36 anos, o lixão foi protagonista de muitas histórias de miséria, tristeza e até violência. Além de local de despejo de lixo, o aterro também serviu de ponto de desova de cadáveres. Em 2008, os corpos dos três rapazes do Morro da Providência, torturados e mortos por traficantes, após terem sido entregues por militares a bandidos do Morro da Mineira, foram abandonados em Gramacho.
Recuperação ambiental ainda deve demorar 15 anos
Jardim Gramacho também foi palco de inúmeras polêmicas. Em 2005, a Câmara dos Vereadores de Caxias aprovou a criação de uma taxa de compensação ambiental que previa a cobrança de um pedágio de até R$ 50 por caminhão que entrasse no aterro. A cobrança irritou a Comlurb, proprietária do aterro, que decidiu entrar na Justiça. Em resposta, a prefeitura de Caxias barrou 28 caminhões da empresa de limpeza urbana do Rio na entrada do lixão. Liminares garantiram a reabertura do aterro e a suspensão da cobrança. O serviço voltou a se normalizar dias depois.
Para tentar proteger os manguezais do fundo da Baía de Guanabara, em 2010 equipes da Secretaria estadual do Ambiente começaram a instalar cercas nos limites do aterro de Jardim Gramacho. Várias ações para fechar lixões clandestinos no entorno do depósito foram realizadas.
Se o encerramento de Gramacho é um alívio ambiental para o Rio, a sua recuperação deve demorar pelo menos 15 anos, estima a Comlurb. A presidente do órgão, Angela Fonti, diz que no futuro a área pode receber um parque. Mas, antes, é preciso descontaminar o solo e fazer a retirada de todo o metano. De imediato, a Novo Gramacho promete plantar grama no lugar dos depósitos de lixo.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/paes-anuncia-que-aterro-de-gramacho-sera-fechado-no-dia-23-4609092#ixzz1rhH4giuv
o aterro de bongaba em magé do jeito que vai a vazão indiscriminada em breve vai saturar.

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