quinta-feira, 12 de abril de 2012

BANQUEIRO SÓ QUER GANHAR.


Mantega critica bancos e diz que ‘têm margem para reduzir juros’

Ministro disse que instituições bancárias podem deixar de ser ‘campeães de spread’

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BRASÍLIA — O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez duras críticas aos bancos privados nesta quinta-feira. Ao chegar ao Ministério da Fazenda, ele afirmou que não há motivos para que essas instituições não sigam o exemplo dos bancos públicos e reduzam as taxas de juros cobradas dos consumidores no país.
Mantega se reuniu nesta semana com representantes dos maiores bancos do país para discutir ações para reduzir os juros e o spread (diferença entre o valor que o banco paga para captar dinheiro e quanto ele cobra de seu cliente).
O ministro não mostrou disposição em atender às exigências que foram apresentadas pelos executivos durante o encontro. Para ele, os bancos privados têm margens de lucro elevadas e espaço para reduzir as taxas cobradas sem novas medidas:
— O Murilo Portugal (presidente da Febraban) esteve aqui outro dia e, em vez de trazer soluções anunciando aumento de crédito, veio aqui para fazer cobranças. Se os bancos estão tão lucrativos, eles têm margem sim para reduzir as taxas e aumentar o volume de crédito — disse o ministro, acrescentando:
— O governo trabalha permanentemente numa agenda positiva para melhorar as condições e aumentar a segurança do crédito. Mas, independentemente disso, os bancos toda hora cobram mais segurança e medidas. Querem jogar as contas nas costas do governo. Ora, se eles não tivessem lucratividade, a gente poderia dizer: vamos mexer nos tributos, reduzir a cunha fiscal, mexer no compulsório. Mas eles têm margem para aumentar o crédito neste momento e é necessário que isso seja feito sem mexer em nada.
O ministro destacou que a economia brasileira tem tido um bom desempenho e que não há qualquer motivo para que o spread no país seja o maior do mundo.
— Os bancos privados foram os mais lucrativos do mundo no ano passado. Eu acho isso bom, eu quero que os bancos tenham lucro, só que a partir de crédito e sem afligir os consumidores — disse ele.
O ministro destacou que os bancos públicos já estão agindo na mesma linha que adotaram em 2009 e oferecendo crédito barato para a população. Segundo Mantega, essa estratégia vai continuar:
— Eu gostaria que os bancos privados estivessem participando disso. Não tenho nenhum interesse de que sejam só os bancos públicos. Agora, eu não vou deixar a economia sem crédito. Os bancos públicos farão o que fizeram em 2009: aumentar o crédito, baixar as taxas e as margens de lucro.
Segundo o ministro, os bancos privados captam recursos a 9,75% ao ano e emprestam a 30, 40, 50 ou 80% ao ano, dependendo das linhas de crédito.
— Esta situação não se justifica — declarou Mantega.
Bancos pedem contrapartidas
O governo tenta fazer um acordo com bancos privados para reduzir o spread bancário. A negociação começou a ser costurada na última segunda-feira, mas esbarra na resistência da equipe econômica em atender uma das principais reivindicações do setor: a diminuição da carga tributária e dos compulsórios embutidos no custo dos empréstimos, que respondem por 26% do spread.
A cúpula da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) apresentou uma lista de 22 itens que seriam necessários, na visão dos banqueiros, para derrubar esses encargos financeiros.
O presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Murilo Portugal, disse no início desta semana que a medida que teria o maior e mais rápido impacto sobre os spreads é a redução dos encargos tributários. O setor reivindica redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre intermediação financeira, da Cofins e da CSLL.
Margem de lucro é de 34% do ‘spread’
Os bancos argumentam, por exemplo, que cerca de 66% do spread corresponde a custos (tributos e compulsórios, inadimplência e custos administrativos). Enquanto a margem de lucro seria em torno de 34%.
Na visão do governo, a principal arma para forçar uma queda nos juros do sistema financeiro foi usar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal como carros-chefes desse processo, forçando a competição no sistema. Os dois bancos públicos fizeram cortes drásticos nas taxas e lançaram uma campanha agressiva para atrair clientes de instituições privadas.


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