quarta-feira, 11 de abril de 2012

SERÁ MAIS UM CASO DE NEGLIGENCIA MÉDICA?

Família de homem morto a 100 metros de hospital reclama de negligência

Funcionários do Bonsucesso teriam mandado amigo de vítima ligar para Samu

Publicado:
Atualizado:

Irmã segura foto de Jaime, vítima de falta de atendimento em frente a hospital
Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
Irmã segura foto de Jaime, vítima de falta de atendimento em frente a hospitalDOMINGOS PEIXOTO / AGÊNCIA O GLOBO
RIO - Um aposentado que acabara de sair do Hospital Federal de Bonsucesso morreu, na última segunda-feira, a cerca de cem metros da unidade, sem receber socorro. Orlando José das Neves entrou correndo na emergência do hospital, assim que o amigo Jaime de Oliveira Fróes, de 55 anos, começou a passar mal num ponto de ônibus próximo. Lá, em vez de obter ajuda, teria recebido orientação para telefonar para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Funcionários da ouvidoria também teriam recomendado a Orlando que chamasse os bombeiros para fazer o transporte do doente. Jaime morreu sentado, no ponto, após meia hora de espera.
O Hospital Federal de Bonsucesso abriu uma sindicância para apurar se houve negligência em relação ao paciente. Em nota, a unidade destacou que a morte ocorreu "em via pública, a um quarteirão da porta de acesso à emergência (na Avenida Roma, transversal à rua do hospital)".
A família do segurança aposentado não se conforma com a falta de atendimento e registrou ontem queixa por negligência na 21º DP (Bonsucesso). Jaime teve um ataque cardíaco.
— Uma coisa com a qual a gente não se conforma é que eles colocaram as regras acima da vida. Jaime frequentava o hospital desde 2009. Ele tinha acabado de sair dali. Era muito mais fácil alguém do hospital buscá-lo do que chamar os bombeiros, que não chegariam a tempo de resgatá-lo com vida — desabafou o primo da vítima, Luís Carlos Ormond.
Vítima precisava de transplante de rim
Jaime havia comparecido ao Hospital Federal de Bonsucesso na segunda-feira para marcar um exame cardiológico. Ele conseguiu agendar a consulta para o dia 20 deste mês. O procedimento fazia parte de uma série de exames que o aposentado, que estava na fila do transplante, realizava na esperança de conseguir um rim novo para dar um fim às sessões semanais de hemodiálise, que fazia há três anos.
Antes de se aposentar por problemas de saúde, Jaime trabalhava como segurança em boates. Mesmo afastado do trabalho, ele se mantinha ativo, cuidando da mãe, Maria da Glória Fróes, de 92 anos, com quem morava numa casa em Cordovil. Segundo a família, Jaime não tinha outros problemas de saúde, além do renal. No último sábado, no entanto, ele se queixou de mal-estar após uma sessão de hemodiálise.
— Há três anos ele ia àquele hospital. Conhecia todo mundo por lá, e os doutores o tratavam pelo nome. Por isso, estranhamos que não o tenham atendido quando ele passou mal e mais precisou — lamentou a irmã de Jaime, a doméstica Ana Maria de Oliveira Fróes, de 57 anos.
O corpo de Jaime foi enterrado ontem, no Cemitério de Inhaúma. A família do aposentado pretende entrar na Justiça contra o Hospital Federal de Bonsucesso. Sem a presença de Jaime, os parentes acreditam que tempos difíceis virão.
— A irmã dele vai ter que largar o trabalho para cuidar da mãe, que ficou muito mal com a morte do filho — revelou o gerente Lúcio do Espírito Santo, primo de Jaime.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/familia-de-homem-morto-100-metros-de-hospital-reclama-de-negligencia-4612348#ixzz1rincfDBU

Nenhum comentário:

Postar um comentário