sexta-feira, 15 de junho de 2012

A CONVOCAÇÃO TEM QUE SER GERAL

CPI adia votação de convocação de Cavendish e Pagot

Parlamentares denunciam manobra governista. Comissão quebra sigilos de governadores

Agência Câmara
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Luiz Antônio Pagot e Fernando Cavendish Foto: O Globo
Luiz Antônio Pagot e Fernando Cavendish O Globo
BRASÍLIA - A CPI do Cachoeira resolveu adiar nesta quinta-feira as votações de convocação de Fernando Cavendish, ex-dono da Delta, e Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). A comissão aprovou, porém, a convocação da mulher de Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, e do jornalista Luiz Bordoni, que teria sido pago por empresa ligada ao grupo do contraventor por serviços prestado durante a campanha eleitoral de 2010.
Também foi aprovada, por unanimidade, a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), de 1 de janeiro de 2002 até a presente data.
Apesar de a empreiteira Delta ter sido declarada inidônea pela CGU e possuir um ex-diretor ligado à Cachoeira, a CPI se recusou a convocar o ex-presidente da empresa. Em gravação divulgada pela imprensa, Fernando Cavendish disse que pode ter um senador na mão caso decida gastar com ele R$ 6 milhões.
A proposta de adiamento foi feita pelo relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG). Ele argumentou que os dados da Delta, que teve os sigilos bancário, fiscal e telefônico pela CPI, ainda não foram analisados e que ainda não há elementos para a convocação. Para alguns parlamentares, a atitude representa uma manobra suspeita.
- O que a CPI teme é a verdade - disse o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que acusou também a existência de uma “tropa do cheque” para evitar a convocação de Cavendish.
Após a aprovação por 17 votos a 13 do adiamento da convocação de Luiz Antônio Pagot, parlamentares de oposição argumentaram que, nos últimos dias, Pagot tem anunciado que quer depor na comissão.
- Estão com medo dos dois cidadãos (Cavendish e Pagot). Pagot, como alguns falam, é o fio desencapado - disse o senador Pedro Taques (PDT-MT).
- Pagot já manifestou publicamente várias vezes que tem muito a falar. Ele tem informações valiosas para que a gente corra atrás desse verdadeiro ralo de dinheiro público – disse o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) defendeu que o adiamento da convocação é uma forma de retomar o foco da CPI.
- Essa CPI tem foco. Chamar o Pagot aqui é para discutir contribuições de campanha. Isso não é foco dessa CPI. Temos que examinar a organização criminosa do sr. Cachoeira - disse.
MiroTeixeira afirmou que um grupo de parlamentares irá fazer um convite para que Pagot seja ouvido informalmente em qualquer comissão do Congresso. Ele acha indispensável ouvir um ex-diretor de órgão público que quer falar.
Do lado dos governistas ecoa o argumento de que as convocações foram rejeitadas apenas neste momento. Eles dizem que o entendimento é que primeiro devem ser analisados os documentos obtidos pela CPI, e depois podem decidir se chamam ou não Cavendish e Pagot.
Durante o bate-boca, parlamentares de oposição chegaram a combinar sair da sala, mas acabaram não tomando tal atitude. O deputado Silvio Costa (PTB-PE) pediu que eles ficassem, para que o embate político continuasse na CPI, e não fora, para a imprensa.
Ao final da sessão, foram quebrados os sigilos fiscal, bancário e telefônico da Faculdade Padrão, de propriedade do professor Walter Paulo Santiago – que comprou a casa de Marconi Perillo em Goiânia. O ex-assessor de Perillo Lúcio Fiúza - envolvido na venda da casa - teve os sigilos quebrados pela comissão, assim como outras pessoas ligadas ao governador de Goiás. As datas dos depoimentos ainda serão marcadas.
Requerimento de convocação de Dilma é vetado por Vital do Rêgo
Alguns integrantes da comissão quiseram ainda colocar em votação requerimento de convocação da presidente Dilma Rousseff. No entanto, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que o pedido é irregular e não foi votado. O senador explicou que a comissão não tem poderes para convocar a presidente da República.
O requerimento foi assinado pelos deputados Carlos Sampaio (SP), Fernando Francischini (PR), Domingos Sávio (MG) e Vanderlei Macris (SP). Eles argumentam que a empreiteira Delta doou R$ 1 milhão para a campanha eleitoral da presidente e que essa doação “esconde interesses escusos”.

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