sexta-feira, 22 de junho de 2012

MAGÉ TEM QUE TORNAR O LIXÃO DE BONGABA RENTAVEL E SUSTENTAVEL

Ele acha (muito) dinheiro no lixo

Há doze anos, o paulista Wilson Quintella Filho fundou a Estre, para explorar aterros sanitários. Hoje a empresa fatura mais de 1 bilhão de reais

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Quando se fala em ganhar dinheiro com o lixo, o nome a acompanhar é o de Wilson Quintella Filho, paulista de 55 anos, dono da Estre, a maior empresa de saneamento ambiental do Brasil, com faturamento previsto de 1,2 bilhão de reais em 2011. Quintella é tão bem-sucedido porque foi capaz de, antes de quase todo mundo, ver o lixo com olhos de investidor: há doze anos, fundou a empresa pioneira no Brasil no uso de novas tecnologias em projetos de aterros sanitários e na geração de energia a partir de resíduos. Com ela, refez a fortuna que sua família havia perdido trabalhando com commodities agrícolas, principalmente soja. Hoje continua ganhando dinheiro e abrindo negócios numa área ainda pouco explorada.

A principal atividade da Estre é a gestão de nove aterros sanitários em diversas regiões do Brasil, nos quais processa 40 000 toneladas de resíduos por dia - quase 25% do total do lixo urbano brasileiro. Fora do país, comanda um aterro em Buenos Aires, na Argentina, e outro em Bogotá, na Colômbia. De cada um, Quintella conhece todos os detalhes e cita números de cabeça. Os aterros representam atualmente 85% do faturamento da empresa, proporção que ele ambiciona mudar. "Em dez anos, queremos ser uma empresa de soluções ambientais, e não apenas a dona de 100 aterros", diz. Enquanto isso não acontece, a transformação do lixo continua sendo sua maior fonte de receita e de investimentos.

No aterro de Paulínia, em São Paulo, o primeiro e o maior de todos na Estre, encontra-se em fase de teste a fenomenal Tiranossauro, máquina importada da Finlândia ao custo de 50 milhões de reais da qual só existem cinquenta em operação no mundo, que tritura e faz triagem automática do lixo, encaminhando os diferentes conjuntos para fins predeterminados. O lixo seco, em flocos ou fardos, em breve será vendido como combustível para alimentar fornos e caldeiras. O biogás, que resulta da decomposição do lixo do aterro, pode se transformar em energia. Até o potencial do bagaço da cana misturado ao lixo seco está sendo testado pela equipe de inovação da Estre. "Quintella foi um visionário ao tratar o lixo com a lógica do mercado, valorizando o resíduo", diz o consultor ambiental Walter Plácido.

Num encontro promovido em novembro pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento no Haiti, com a participação de organizações não governamentais, Quintella teve oportunidade de conhecer o ex-presidente americano Bill Clinton, da Fundação Clinton (veja a reportagem "Ensinando o planeta a limpar e a aproveitar"), e constatou, com orgulho, que ele sabia da história da Estre. Seguiu-se a troca de amabilidades que está virando padrão entre americanos e brasileiros. "Você é o cara", parabenizou Clinton. "Eu não. Você é que ainda é o cara", devolveu Quintella. Desde que voltou do Haiti, o empresário se empenha em montar um projeto que solucione o problema do lixo nas ruas onde acampam mais de 1 milhão de haitianos desde o terremoto de 2010.

Quintella passa boa parte do tempo viajando, ou no jatinho da Estre, ou em voos comerciais nos percursos de longa distância, como a recente visita à Arábia Saudita, onde empresários do setor estão interessados em fazer parceria. "O momento hoje é ainda mais importante do que há doze anos, quando tudo começou", diz, referindo-se ao conjunto de circunstâncias que favorecem seu negócio. Primeiro, o volume crescente de lixo - no ano passado, o aumento foi de 6,8% no Brasil. Segundo, a onipresença do tema nas discussões internacionais.

E, mais decisiva ainda, a regulamentação dos resíduos sólidos recém-sancionada no Brasil, que exige que municípios e indústrias deem destino adequado aos 42% de lixo que ainda não são tratados. Até 2014, todos os lixões serão desativados e os aterros controlados precisarão tratar o chorume e o metano (líquido e gás produzidos na decomposição do lixo). Em prazo ainda menor, até o fim de 2012, os municípios que não apresentarem plano de tratamento dos resíduos sólidos sofrerão corte de verbas federais. O mundo de Quintella não para de se expandir.

OS NÚMEROS DA ESTRE
Lixo processado - 14 milhões de toneladas/ano (cerca de 25% do total coletado nas cidades do Brasil)
Faturamento - 1,2 bilhão de reais
Funcionários - 5 000
Aterros sanitários - 9 no Brasil, 1 na Argentina e 1 na Colômbia
Áreas de atuação - coleta e tratamento de lixo urbano e industrial, gestão de passivos ambientais, recuperação de solos, geração de energia e consultoria ambiental.
DIA 24/06 LIMPEZA DO RIO CORRENTES EM PAU GRANDE PARTICIPE.

Um comentário:

  1. É importante DESENVOLVER pesquisas permitindo a reciclagem de 100% do lixo produzido. A grosso modo comenta-se que cerca de 50% do lixo pode ser reciclado, mas se separarmos restos de alimento (e assemelhados) esse percentual vai subir para quase 100% . Resíduos que são hoje considerados rejeito (plásticos de embalagens de biscoito metalizados, por exemplo) podem ser triturados para formarem uma torta para fabricação de tijolos e blocos de concreto.
    Os aterros são uma tecnologia atrasada, mas de qualquer forma significam um avanço em relação a um lixão.
    Newton Almeida MEIO AMBIENTE RIO DE JANEIRO

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